O projeto Na Boa Companhia oferece cursos de teatro permanentes e oficinas aos alunos do ensino médio da rede pública do Rio de Janeiro, e proporciona acesso a produtos culturais como peças teatrais, shows e exposições.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Crítica de Macksen Luiz
Crítica/ Senhora Solidão
Entre o humor meio amargo e o melodrama leitoso
Há
a tentativa neste texto de Leandro Muniz de traçar urdidura
dramatúrgica em que a solidão ganha contornos de lembranças diante de
proposta de terapia que exorcize as angustias e desajustes, através da
memória estimulada. Um encontro terapêutico pouco ortodoxo (parece,
vagamente, um psicodrama ou uma dessas técnicas de preparação de elenco,
tão em voga no cinema), expõe os traumas de grupo de pessoas, a
orientadora incluída, liberando os seus nós emocionais. Na mistura dos
problemas, divididos pelos quatro participantes da sessão, se pretende
chegar à revelação das causas e transpor os efeitos. Passado e presente,
o vivido e o agora, se interpenetram na construção das identidades. Sob
essa perspectiva, Leandro Muniz consegue desenhar narrativa
interessante, que não encontra traço mais definido na encenação,
assinada pelo próprio autor. Esse relativo descompasso, faz desconfiar
da segurança de Muniz na
escrita, já que a montagem fica indefinida entre o humor meio amargo e o
melodrama leitoso. Enquanto reproduz o jargão de certo tipo de técnica
de recondicionamento de comportamento, parece que se está diante de
linha crítica. Em seguida, volta-se para situações de um quase ridículo
derramamento de emoções caricatas, que desconsertam e esvaziam o
entrecho. Assim como a montagem, em cartaz no Teatro do Planetário, o
elenco – Alex Nader, Bia Guedes, Cristina Fagundes e Luis Lobianco –
parece muito cru, incapaz de superar a visível inexperiência e de ir
além da disciplina dos, talvez, persistentes ensaios.
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